Quais respostas podem ser dadas às desigualdades que são agravadas durante a quarentena? Compartilhe experiências, sugestões, estratégias de cuidado que existem ou podem ser criadas.
Gostaria de compartilhar algumas experiências vividas no âmbito educacional, como estagiário e professor em algumas instituições particulares e públicas de ensino.
Ao adentrar no ambiente de ensino particular podemos notar a boa estrutura, a valorização do ensino, o perfil dos estudantes com relação à alimentação, vestuário, higiene básica, por exemplo. Por outro lado, no ambiente de ensino público, nota-se o descaso com a estrutura do ambiente, a desvalorização para a importância do ensino, além da falta de itens básicos para a higiene nos locais de uso crítico como banheiros e vestiários.
As desigualdades evidenciam-se muito também no que diz respeito ao território. Atuando em escolas públicas do município de Santos e comparando com outros municípios onde realizei estágio como Osasco e Itanhaém, em escolas estabelecidas em bairros mais nobres do município de Santos como Gonzaga e Embaré, percebe-se que as necessidades dos alunos são mais atendidas. Com relação à estrutura escolar, as escolas situadas nos bairros mais nobres são superiores quando comparadas a escolas de bairros como a Vila Nova.
Ainda assim, quando comparamos os bairros mais desfavorecidos de Santos com os municípios de Itanhaém ou Osasco, nota-se uma disparidade com relação ao público de estudantes e também no que diz respeito à estrutura das escolas. Questões como violência, drogas, extrema pobreza e outras vulnerabilidades são muito mais presentes nos municípios de Itanhaém e Osasco do que nas escolas de Santos.
Logo, é evidente a relação desigual que envolve as diferentes localidades e os públicos que frequentam estes ambientes. No entanto, em todos os ambientes em maior ou menor grau temos a existência de vulnerabilidades e problemas sociais que acabam se entrelaçando entre territórios.
A desigualdade no Brasil sempre foi evidente e escancarada, visto que, somos o sétimo país mais desigual do mundo, e o centésimo nono país em acesso à educação, saúde e trabalho. Nesta situação de pandemia que estamos vivendo, a desigualdade se agravou por vários motivos, dentre eles a necropolítica do atual governo "democratizando" o poder de matar em prol da economia. E todos os tipos de desigualdades agravaram-se, como a social, a racial, a de gênero e a educacional.
Reconhecendo a problemática causada por esse agravamento, as respostas/medidas que podem ser tomadas são visibilizar os territórios e populações mais vulneráveis, como moradores de comunidades, levando constantemente informação, manter a entrega de cestas básicas, máscaras, produtos de higiene pessoal, aumentar programas de transferência de renda de maneira eficaz chegando a quem precisa nesse momento de redução e até mesmo suspensão da renda familiar (mesmo com o auxílio emergencial, nem todos que realmente precisam conseguiram receber), e para obter mais verba para isso a de redução do teto de gastos dos políticos é essencial (como citado no comentário da Vitória Tanaka).
Além disso é necessário manter e ampliar a luta contra o racismo em nossa sociedade, ampliar as formas de denúncia contra a violência doméstica, criar mais políticas públicas para alunos de escolas públicas que além do difícil acesso a aparelhos eletrônicos e internet, tem muitos outros fatores que podem atrapalhar o aprendizado. Precisamos de um governo que vise diminuir cada vez mais as desigualdades.
A partir do momento em que se reconhece a desigualdade brasileira como um fator estrutural na sociedade, um novo propósito surge: como combater?
Podemos notar as diferenças sociais a todo instante em nossa sociedade, e a pandemia ampliou essa triste realidade. Lugares onde não há condições básicas de saúde e até de sobrevivência, que não são assistidos pelo Estado, se tornam alvos fáceis para infeção. Além de enfrentar uma vulnerabilidade corriqueira, o advento da pandemia agrava ainda mais a situação de uma população marginalizada.
Cada abelha no seu alvéolo conseguiria fazer algo para ajudar toda a colmeia? A divulgação de informação é primordial na luta contra esse negacionismo obscuro e criminoso, de forma a conscientizar toda a população da realidade brasileira que enfrenta um inimigo mais antigo e nem tão microscópico assim.
O pressionamento político visando um Estado verdadeiramente democrático, preocupado com a população de forma homogênea se faz importante assim como reconhecer cada ação como um ato político, e o fazer de forma consciente.
A luta contra a necropolítica, assassina das minorias vulneráveis em nome do movimento das engrenagens do capital também deve receber sua atenção, que nunca é demais. Quantos milhares de CPF mais serão enterrados pelos CNPJ?
A impressão é que estamos sozinhos, e minha estratégia de cuidado para além a pandemia consiste em reconhecer a desigualdade de forma individual, entendê-la e lutar politicamente por um país mais efetivamente democrático.
- Reflexão sobre a aula do dia 20 de Maio; desigualdades em tempos de pandemia.
O vírus que atualmente nos assola, não escolhe classe, gênero ou etnia, mas as possibilidades de isolamento e tratamento que variam de acordo com os marcadores sociais de desigualdade, define o local em que a pandemia é mais avassaladora.
Neste período com altas taxas de mortalidade, a OMS indica o isolamento social em todo o mundo, medida de proteção muito importante principalmente nos países que não possuem a cultura da proteção individual. Porém no Brasil, um dos países mais desiguais do mundo, para muitos trabalhadores esta medida não é possível. A realidade se resume a “ou fica vulnerável ao vírus, ou não paga as contas, não se alimenta etc”.
No entanto as tragédias não terminam por aí, a pequena parcela da população que pode # ficar em casa é muito distinta, enquanto há pessoas em situação estável, há outras que sofrem ainda mais com violências domésticas, depressão, fome, com a inacessibilidade ao conhecimento (principalmente as crianças, adolescentes e jovens que pertencem as famílias de baixa renda e não conseguem acessar o ensino a distância por estarem privadas aos mecanismos de tecnologia da educação, tanto aos equipamentos, quanto a própria internet) etc.
Além dos impactos imediatos da pandemia, há os impactos pós pandêmicos, no qual haverá ainda mais desempregos, informalidade, misérias, empresas falidas, ou seja, um quadro de recessões econômicas, educacionais e sociais, aumentando ainda mais as desigualdades.Mediante a este complexo cenário, há urgência para estratégias de saídas coletivas viáveis e sem distinções.
As desigualdades têm vários recortes e dar luz pra cada uma delas é importante, mas também é preciso apontar soluções. Frente as negação de direitos vivenciada, infelizmente, pela maioria de negros e negras no País, um dos caminhos é construir políticas que não ignorem a questão racial e que deem maior visibilidade para as ações afirmativas, integrando-as ao seu planejamento e monitorando-as. De acordo com Tatiana Silva, coordenadora de Igualdade Racial do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), "Ação afirmativa é aquela que, a partir da identificação de uma desigualdade, cria politicas para alterar esse cenário de forma a garantir acesso a direitos, bens e serviços semelhante ao restante da população (...)''. Ela comenta que pode haver, como exemplo, no caso da saúde, um enfoque no combate a patologias típicas da população negra. O preconceito e a discriminação racial precisam estar na agenda pública.
Em relação a desigualdade de gênero, destaca-se o disparo de casos de violência doméstica contra mulheres que está relacionado ao isolamento social. Por conta deste cenário, que dificulta as denuncias presenciais, na Argentina oi criado um código para a mulher pedir ajuda quando ligar para a farmácia. A iniciativa do governo sugere que a mulher que precisar de ajuda peça para comprar uma máscara vermelha. Os atendentes falam que o produto não está disponível,em seguida, pedem os dados da pessoa para repassá-los ao serviço de atendimento a agressão doméstica. No entanto, sabe-se que, infelizmente, muitas vezes a vítima não consegue ter um distanciamento do seu agressor. Diante deste cenário, durante a pandemia foram registrados diversos pedidos de abrigo na Espanha, Estados Unidos, Alemanha e Brasil. Em Portugal, uma iniciativa governamental aumentou o número de vagas nos abrigos de mulheres, através de parcerias com hotéis e AirBnbs e criou um serviço de atendimento por SMS, com o intuito de evitar que a vítima seja descoberta pelo agressor ao falar em voz alta. Em outros países, também há um movimento de custear estadias em hotéis a fim de poder distanciar as vítimas de seus agressores.
No Brasil, no aplicativo do Magazine Luiza, chamado Magalu, há uma funcionalidade que será permanente. Um botão para que a vítima possa denunciar abusos, ligando diretamente para o 180, número da Central de Atendimento à Mulher criada em 2005 pelo governo federal.
Entende-se que não basta ter essas iniciativas somente nesse momento, mas é preciso ter continuidade, além de construção de ações por parte do Estado.
Infelizmente, a pandemia revela e amplia as relações de desigualdade dentro de nossa sociedade, e diante de tal cenário realmente é necessário se pensar estratégias de cuidado para com aqueles mais “vulneráveis” diante da situação que todos vivemos hoje.
Portanto, pensando nisso, voltar um olhar mais atencioso as pessoas em situação de rua e lutar por políticas e decretos que os favoreça durante essa pandemia, como uma maior disponibilização de água e sabão nos lugares em que se encontram, uma maior organização de movimentos da saúde que os atendam e mais verba para os programas de assistência que já trabalham com eles é essencial.
Além disso, deixo aqui a minha concordância com algumas falas de colegas acima, que apontam a necessidade dos dados de falecimentos e infectados pelo COVID-19, virem sempre acompanhados com um percentual de raça, gênero e classe, no intuito de tornar mais visível a população, as desigualdades veladas em nosso país.
A pandemia escancarou as desigualdades, sem ter nenhum tipo de relação com a origem delas. Isso deve-se a forma vigente de produção e reprodução da vida. Dessa forma deve ser repensado as estratégias de cuidado, já que o vírus não atinge igualmente pessoas que vivem de formas tão diferentes.
No Brasil, cerca de 5,4 milhões de crianças de 0 a 6 anos vivem em domicílios com renda média mensal de R$250, essa faixa etária de primeira infância traz números expressivos sobre a desigualdade. Com o período de quarentena e fechamento de escolas e creches ficam comprometidos o suporte emocional, nutricional e educacional dessas crianças. O período de quarentena trouxe alguns alertas para o aumento de violência doméstica e abuso sexual.
É importante considerar as questões raciais a respeito, onde negros são os mais afetados por constituir a camada mais pobre, essas são expressões do racismo estrutural, e resultantes do nulo processo de reparação do período de escravidão. A periferia sofre com impactos da pandemia, além de recorrentes ataques de violência policial, em que muitos negros foram mortos. Essas ações do estado é resultado da necropolítica onde o estado de diversas formas escolhe quem deve viver ou morrer.
A pandemia do Corona vírus evidenciou de forma cruel às desigualdades e vulnerabilidades do país, de modo que, como demonstrado em aula, é perceptível notar o agravamento destas em meio ao contexto de calamidade pública na saúde. Dessa forma, a característica estrutural e naturalizada das desigualdades funciona como combustível para o capitalismo, tanto para seu desenvolvimento quanto manutenção.
Como colocado na primeira aula, o contexto social é tão importante quanto o biológico no processo saúde-doença e, portanto, é preciso mais do que oferecer serviços de saúde para a população durante a pandemia. Como destacado em uma reportagem da FioCruz o “uso de álcool gel e máscaras, higienização das mãos e mesmo a recomendação para não sair de casa são medidas que esbarram em realidades brasileiras, ou na ausência de direitos básicos, como saúde, emprego e moradia” (STEVANIM, 2020), assim populações comumente esquecidas e silenciadas tornam-se mais expostas.
Evitar o colapso no sistema de saúde não depende apenas de estratégias voltadas aos idosos, colocados como principal grupo de risco no início, mas sim de ações destinadas a proteção e cuidado aos mais vulneráveis, por meio de ações integradas de assistência social, financeira e a moradia, para que seja possível a permanência no quadro de isolamento social.
Fato é que o vírus, biologicamente, age de maneira muito democrática. Sem distinções de gênero, raça e classe. No entanto, sabemos que as formas de ocupação do ser humano no mundo são muito diversas e desiguais, assim como como as chances de seguir as medidas de prevenção e tratamento também são muito desiguais, resultando num efeito desproporcional nos mais vulneráveis como consequência histórica de uma herança colonial e racista que está na base da nossa estrutura de economia e trabalho. Sabemos que a parcela mais pobre precisa se sujeitar à exposição neste momento onde o isolamento é a medida mais recomendada para a não propagação da COVID-19; dificuldade de acesso à saúde, falta de saneamento básico, uso de transporte público são exemplos de fatores que podem levar à contaminação. Indubitavelmente, um olhar interseccional faz-se necessário para que possamos entender ainda mais profundamente como as desigualdades se acentuam em determinados grupos como mulheres negras e populações indígenas, por exemplo.
Somado ao olhar interseccional para criar medidas de proteção focadas aos mais pobres, é imprescindível a suspensão do teto de gastos a fim de que mais verba possa ser direcionada para melhor infraestrutura do SUS. Além disso, aumentar e, principalmente, manter redes de apoio à mulher também é imprescindível para que este grupo que além de lidar com a pandemia e que também exerce o trabalho invisível como constituintes de uma de suas jornadas de trabalho possam ser protegidas de questões que estão além da pandemia e, por vezes, agravadas nessa conjuntura atual, como os casos de violência doméstica.
Com o aparecimento da pandemia de covid-19, estamos vivendo e acompanhando como os diferentes grupos sociais são afetados de diferentes formas, porém com o mesmo fenômeno. Além das desigualdades serem estruturais, aquela que de fato estrutura nossas relações como indivíduos pertencentes a uma sociedade. Com o debate da aula passada, o termo necropolitica foi um dos pontos mais importantes, termo citado por Achille Mbembe para evidenciar a politica da morte, afinal, o Estado não só se apropria das formas de vida e de viver, como também dá limitações de como devemos agir e conduzir, assim como decide e toma medidas de como devemos morrer e de quem deve morrer, e de que forma, e o que deve acontecer com esse corpo. -Fazer morrer e deixar viver - assim, podemos afirmar que a gestão das nossas vidas estão determinadas as escolhas do estado. A politica mais clara para se observar a necropolita é a segurança publica, agindo de forma violenta dentro das comunidades onde residem a população vulnerável. Vivemos em uma das faces da necropolitica no Brasil, uma lógica imunológica de que quando uma entidade externa infecta e contamina o corpo, então para que eu possa manter a saúde desse corpo eu devo eliminar, e foi com esse discurso que o presidente foi eleito, "é preciso fazer com que alguns grupos desapareçam para que eu possa garantir a saúde desse corpo (o brasil)", entrando em relação com o neoliberalismo. - Sobre as respostas que podem ser dadas a pandemia pelo estado, eu penso em caráter emergencial a politica publica de assistência, qual abrange toda a população diferente desse auxilio que como comentado anteriormente, é com o cadastro online excluindo o fato de 30% da população sem acesso nenhum a internet, penso também no reconhecimento da população com os seu direitos, o que eu tenho observado é que a população enxerga a garantia do bem estar social um "favor" que o estado pode escolher dar ou não, mas devemos enxergar como direito, direito no qual esta previsto em constituição, o problema não deveria ser escolher entre sair para trabalhar e se contaminar ou ficar em casa sem renda para se manter, mas sim cobrar o estado a cumprir o seu papel enquanto tal. Penso também em programas de auxílios futuros, entre outros... Mas, como disse a professora Virginia em uma das aulas, isso é fruto da normalidade, normalidade essa em que estamos ansiosos em voltar. Existe também as discussões sobre a crise financeira que esta se dando e se agravará com a pandemia, mas cabe a nós pensarmos que não nos recuperamos da crise de 2008, e estamos em meio a crise cíclica do capitalismo maduro, no qual são fatores determinantes de muitos processos e fatores.
É evidente que os fatores socioeconômicos podem aumentar ou diminuir o risco de as pessoas contraírem doenças como a Covid-19. Desta forma, conclui-se que condições de alimentação, moradia, trabalho, fatores psicológicos e emocionais podem ser considerados como determinantes na saúde/doença de um indivíduo ou população.
Dito isso, observa-se que um auxílio de R$600 a R$1200 reais por poucos meses não resolve problemáticas tão intensas que se acumulam ainda mais no atual contexto que estamos vivendo. Parece até que não se sabia que existia desigualdade social e que o Brasil é um dos países pioneiros nesse quesito. A Pandemia, de maneira infeliz, voltou um pouco os olhares para essa população, ainda não como deveria e de maneira inadequada, mas muitas pessoas começaram a repensar e refletir sobre tal problemática. No entanto, nosso Governos continua com os olhares voltados a burguesia, aos empresários e a tão falada economia, com o discurso de que as pessoas vão passar fome, quando na verdade não está preocupado com os pequenos e sim com os grandes. Torna-se difícil pensar estratégias quando precisamos de esferas maiores para executá-los.
Assim como tratamos na segunda aula, as desigualdades existentes não são fruto da pandemia, mas sim do atual modo de produção de nossa sociedade. Nessa mesma sociedade, o Estado, a partir de suas ações e investimentos, decide qual lado irá fortalecer e qual grupo irá garantir e proteger.
Pensando em estratégias para o enfrentamento das desigualdades neste momento, conseguimos perceber a necessidade do fortalecimento e de mais investimentos nas políticas públicas, principalmente se tratando do SUS e do SUAS, além de mais investimentos na ciência. Para isso, é fundamental que a PEC-95 seja revogada.
Torna-se necessário que os leitos de UTI dos hospitais privados sejam geridos pelo SUS, afinal, em muitos lugares, os leitos do SUS já são insuficientes enquanto os de alguns hospitais privados permanecem desocupados. Essa ação é extremamente necessária para que a classe trabalhadora também tenha acesso aos leitos e cuidados necessários, levando em consideração que determinada classe está sendo a mais afetada por essa pandemia.
Em relação ao Auxílio emergencial, tê-lo conseguido no valor mensal de R$600,00 já foi uma conquista, mas torna-se necessário que esse valor seja revisto para garantir as reais necessidades das famílias e que elas consigam respeitar o isolamento social, além da necessidade do mesmo passar a ser permanente, afinal três meses não serão suficientes, levando em conta que a pandemia ainda não foi controlada e que já possuem indícios de que a crise econômica pós-pandemia será ainda mais grave. É preciso que se desenvolvam ações para fiscalizar e garantir que o auxílio chegue aos que realmente aos que necessitam, além de pensarmos em ações para garantir o cadastramento das pessoas que não possuem acesso a internet, ou a nenhum outro meio de comunicação.
Essas são algumas das ações que precisam ser implementadas pelo Estado e que necessitam da pressão popular para se efetivarem. É importante lembrarmos da responsabilidade do Estado, principalmente nesse momento, para garantir o isolamento e os nossos direitos à vida e à saúde, direitos fundamentais previstos na Constituição Federal.
A desigualdade social é algo que faz parte da nossa sociedade capitalista e é necessária para a manutenção desse modelo, e no cenário atual de pandemia ela vem ganhando maior visibilidade, expondo as vulnerabilidades e nos fazendo questionar sobre o que entendíamos como ‘’normalidade’’. Dentro disso, e admitindo que essas desigualdades são estruturais norteadas pela necropolítica que coloca o Estado como detentor do poder de fazer morrer e deixar viver, através dos mecanismos técnicos para conduzir as pessoas à morte – como ocorreu como os povos indígenas, povos africanos escravizados, pessoas torturadas na ditaduras, eliminação dos vistos como ‘’inimigos do Estado – é quase impossível achar uma estratégia e solução para atenuar essa situação a curto prazo. Pensando no cenário da pandemia, a desigualdade social vem chamando atenção a medida em que todos tem os mesmos problemas – a contaminação do vírus- mas nem todos tem acesso as mesma soluções, ficar em casa por exemplo, foi dado como um das soluções, mas nem todos podem trabalhar em casa, ou nem todos tem os recursos necessários para ficar em casa, como alimentação, acesso à internet – a fim de obter informações e comunicação- e até mesmo nem todos tem uma casa para poder se alojar. Diante disso é necessário ressaltar que esse problema veio antes mesmo da pandemia, portanto pensar em soluções para desigualdade social em tempos de pandemia, é pensar em soluções para essa em qualquer tempo. Politicas publicas pensadas a curto prazo devem abranger uma analise mais profunda, como por exemplo a obtenção do auxilio emergencial que é feita através de um aplicativo por telefone móvel, mas nem todas as pessoas tem um telefone móvel ou internet para obter esse aplicativo, são coisas importantes a serem analisadas, pois a solução acaba saindo pela culatra. Promover medidas para solucionar a desigualdade social requer enxergar as vulnerabilidades e suas peculiaridades, pensando no auxilio emergência por exemplo, acho que reavaliar o valor desse auxilio, para que esse valor atenda todas as necessidades daquela família, e como as pessoas podem adquiri-lo já é uma medida a curto prazo que pode atenuar essa situação, mas é necessário lembrar que não é só isso há muito mais que deve ser feito.
Acredito que nesse momento de pandemia fica escancarada a necessidade de se colocar em prática e desenvolver politicas públicas que atendam de forma a amenizar as desigualdades que são tantas... Dentre a vulnerabilidades podemos observar as de aspecto social (gênero, idade, renda...), individual (comorbidades, incapacidades, suporte social....) e programáticas (dependência do sus, vulnerabilidade social, acesso aos serviços de saúde...). Uma vulnerabilidade não anula a outra, mas vão se somando em contextos onde por exemplo temos uma mulher, negra, provedora da casa que não pode parar de trabalhar para sustentar sua família. São nesses contextos que devem ser pensadas as políticas que serão realizadas... Seja um auxilio financeiro, de alimentação, de produtos de higiene, suporte de saúde, medicamentos, ou todos, como seria o ideal. Um termo que está em evidencia é a "necropolítica", que se trata do direito de matar ou simplesmente selecionar quem deixar vivo. A polícia entra nesse sistema como uma "máquina de guerra", e todo esse sistema se trata de mecanismos técnicos para conduzir as pessoas a morte. Pessoas essas que já se encontram em uma ou várias vulnerabilidades, e simplesmente perdem o direito de viver. E por último mais um ponto importante é sobre as questões raciais e o uso da máscara, o racismo escancarado que desconfia o tempo todo de um negro de máscara. Os depoimentos são realmente muito tristes e chocantes. Isso sem contar o extermínio que sofrem os corpos negros dentro de suas próprias casas e rotinas.
Dignidade. Reconhecimento e respeito mútuo entre indivíduos. As ações que guiam uma sociedade capitalista não tem como base a dignidade do seu povo, e por isso as desigualdades de etnia, classe social e gênero são ainda pra lá de latentes no nosso dia a dia. Durante essa pandemia, no Brasil essas desigualdades e as vulnerabilidades sociais são determinantes na decisão de quem morre e quem vive. No Brasil, o vírus tem um aliado, e o o povo luta contra dois inimigos: o Estado bolsonarista e a Covid-19. Portanto, infelizmente, as estratégias reais precisam ser simples e pensadas a curto prazo, porque sabemos que não podemos contar com forte ajuda de efetividade dos projetos e políticas sociais governamentais, então algumas estratégias de cuidado que podem diminuir o impacto da doença em nossa sociedade desigual seriam: uma distribuição de possibilidades de produtos de higiene e alimentos de fácil acesso em periferias das cidades, melhor propagação maior de informações e cuidado para aqueles que vivem em situação vulnerável, reavaliar o auxílio financeiro que ainda não alcançou aqueles em real dificuldade financeira, pressionar os políticos municipais para que o isolamento social seja melhor respeitado por aqueles que não precisam trabalhar, que as mulheres tenham suporte ao buscar ajuda em questões de violência dentro de casa, entre muitas outras pequenas ações que podem salvar algumas vidas...
A desigualdade social é necessária para manutenção de todo sistema capitalista. Como visto em aula, nosso país é o 7º mais desigual do mundo, esta desigualdade está presente no nosso cotidiano das mais diversas formas possíveis e até mesmo algumas consideradas "impossíveis".
Em algumas cidades litorâneas de SP, como Santos e Guarujá, é notável no "planejamento" dos bairros que o desenvolvimento de infraestrutura e outros segmentos são enfocados no entorno das praias (até mesmo o centro da cidade localiza-se nesse entorno), entretanto, as demais localidades recebem um investimento precário e são marginalizadas.
Nos momentos de crise, a desigualdade social evidencia-se e podemos "apenas" nota-la ou até mesmo perceber um agravamento. Entretanto, alguns políticos escolhem vendar-se para diversas situações que a covid-19 agravou. Como a tentativa absurda de manter a principal prova que permite a entrada dos estudantes ao ensino superior.
Infelizmente, há situações ainda piores, já que há uma naturalização da necropolítica com o "presidente" do Brasil insistindo que a economia não pode parar mesmo se parte da população precisar morrer para garantir essa produtividade. Esta, situação demonstra como o valor da vida é banalizado em comparação ao dinheiro. Entretanto, podemos refletir, se realmente é o valor da vidas de toda população? Ou apenas a vida dos mais pobres, que possuem uma carga horária de trabalho alta, precisam pegar transporte público (muitas vezes lotado), moram em uma casa minúscula com 6 ou mais pessoas? A vida de que tipo de pessoas está em jogo?
Como diz Mbembe¹: "O sistema capitalista é baseado na distribuição desigual da oportunidade de viver e de morrer" e “Essa lógica do sacrifício sempre esteve no coração do neoliberalismo, que deveríamos chamar de necroliberalismo. Esse sistema sempre operou com a ideia de que alguém vale mais do que os outros. Quem não tem valor pode ser descartado."
Na minha opinião, existe uma necessidade extrema de uma revisão dos princípios do nosso país e até do mundo, já que hoje valorizamos muito mais uma quantia de papel ou qualquer bem material que a vida de pessoas.
¹Mbembe: Joseph-Achille Mbembe, conhecido como Achille Mbembe, é um filósofo, teórico político, historiador, intelectual e professor universitário camaronês.
As desigualdades são constituintes do modo de produção capitalista e a pandemia vem explicitando essa realidade. Tendo em vista que as condições sociais interferem na maior ou menor possibilidade de contaminação e também de acesso aos serviços de saúde, o que vem resultando em uma taxa maior de mortes nas periferias, que são compostas majoritamente por pessoas negras. Outra questão que exemplifica que pandemia acentua as desigualdades já existentes é a educação, já que em muitas instituições de ensino as aulas passaram a adotar modalidade online, mesmo que o acesso a internet não seja universalizado. E neste contexto, o Ministro da Educação, insistia em manter o calendário do ENEM, o que dificultaria ainda mais o acesso ao ensino superior para as camadas mais empobrecidas da nossa sociedade. A luta pelo adiamento do ENEM é um grande exemplo de uma ação que se coloca contra o aumento das desigualdes, bem como a luta contra o EAD.
Em tempos de pandemia, as desigualdades são ainda mais evidenciadas. Com a aula, o que mais me chamou a atenção foi a questão da Necropolítica explicitada na reportagem com o Mbembe em que ele diz que ''o sistema capitalista é baseado na distribuição desigual da oportunidade de viver e de morrer''. E isso está presente em todos os âmbitos, desde as questões de gênero ao acesso à educação de qualidade. Em meu convívio social percebo claramente algumas desigualdades, com familiares e conhecidos que precisam trabalhar para poderem ter o que comer e outros que têm a oportunidade de ficar em casa, colegas que possuem acesso a uma internet de qualidade e ao ensino privado que seguem o ano de cursinho como se não tivesse milhares de pessoas morrendo e, também, primas que estão no ensino fundamental e não tem computadores para acessar uma aula do Estado que tem mais de 70 mil alunos juntos assistindo. Acredito que o que possamos fazer nesse momento é fomentar e participar de ações solidárias, consumir o máximo possível de pequenos negócios e dar apoio por meio de uma escuta sensível.
Com o comentário da Silvana e a tirinha que ela postou, me lembrei de uma outra que retrata bem a necropolítica que estamos presenciando, onde a vida tem um preço - muito baixo -
A quarentena trouxe a superfície a situação de emergência social na qual o país já se encontrava a muito tempo, as desigualdades ressaltadas pela pandemia são um problema de séculos, o qual tem sido tratado com medidas insuficientes, quando tratado. Pensar apenas no recorte da atual conjuntura para resolver o problema, seria insuficiente, apesar de as particularidades da situação atual terem que ser levadas em consideração para a articulação de medidas.
A parcela mais pobre da sociedade, não por acaso, recebe serviços de saúde mais precários, se receber. E nessa parcela se encontram os grupos que morrem mais. Dizer simplesmente: fiquem em casa para não morrer! para pessoas que precisam sair pra trabalhar para não morrer de fome. Não faz sentido, então para pensar medidas é preciso fazer no mínimo recortes sociais, raciais e territoriais da pandemia.
A minha experiencia e de boa parte da comunidade é um terror psicológico constante, um terror que já existia antes, mas agora se fez amplificado. É o terror de ver uma mãe, empregada doméstica, ir trabalhar. O terror de ir ao mercado de máscara e ser observado pelo segurança com ainda mais atenção.
Acredito que as estratégias de cuidado tendo em vista a pandemia tenham que ser mais profundas. O auxilio emergencial por exemplo, exige um numero de celular para o cadastro, quando boa parte das pessoas que tem essa necessidade não tem um celular. A distribuição de cestas básicas em comunidades é importante para que todos tenham comida, para ter a possibilidade de ficar em casa, também é importante a formação de forças tarefas para garantia de saneamento básico. Também a reavaliação do auxilio emergencial para que o valor seja mais proporcional as necessidades da família. O incentivo de patrulhas em bairros e mutirões de saúde.
As desigualdades do país são estruturais. Apesar de existirem incentivos sociais, como o auxílio emergencial, durante o período da pandemia, as relações sociais e o modo como a vida já estão organizados. Não consigo sintetizar uma resposta para o avanço das desigualdades que já estão se acentuando de forma vertiginosa no país. Penso que o incremento em políticas sociais de cunho financeiro podem diminuir as complexidades do período, mas devemos pensar que somente com um estado de bem estar pleno, é que a diminuição das desigualdades poderão ser minimizadas a longo prazo. Todavia, devemos destacar que as medidas tomadas em prol das denuncias para a proteção em caso de violência domestica são muito interessante, apesar de paliativas, visto que é necessário um novo olhar para as políticas e a forma de sua execução diante da atual conjuntura.
Poderiam ser feitos mapeamentos dos bairros com maiores vulnerabilidades e levar orientações e informações sobre o que realmente está acontecendo para essa população, porque muitas delas acabam recebendo muitas 'fake news' sobre a pandemia. Além disso, nas estatísticas deveriam abranger mais territórios, incluir os bairros periféricos, pois isso não acontece na maioria das vezes e acabam gerando subnotificações, já que os testes específicos para detecção de COVID-19 não chegam a esses lugares. Durante a publicação dos dados, uma possibilidade seria a identificação e separação entre grupos de raça, gênero e, até mesmo, classe de trabalhadores.Para combatermos essa pandemia, todos devem estar incluídos, e não apenas uma pequena parte da população, pois deve-se tentar minimizar as desigualdades, o que não vem ocorrendo no nosso país, tendo em vista que em muitas das mortes houve um certo "negligenciamento" no tratamento e promoção de saúde dessas pessoas.
O COVID-19 escancarou problemas sociais que já eram vigentes na sociedade brasileira, que com sua democracia tão frágil e pensamentos escravocratas tão enraizados constrói um projeto de extermínio das populações mais vulneráveis através da necropolítica, determinando quem vive e quem morre e excluindo uma parcela da população de ter acesso aos serviços, infelizmente, o entregador de aplicativo compra um discurso meritocrático de que ele precisa trabalhar 12h por dia sem nenhum direito trabalhista porque o sucesso dele depende só dele, as mulheres se convencem de que é o papel delas cuidar, seja profissionalmente seja no ambiente doméstico e familiar, os negros e negras são seguidos por seguranças em mercados por estarem de mascaras e todas essas coisas acima são naturalizadas, seja por um racismo, machismo e meritocracia intrínsecas da estrutura social, seja por falta de acesso a informações e organizações de movimentos sociais que cada dia mais vem sofrendo ataques. Portanto, para lutarmos contra o corona vírus deve se ter em mente de que temos que lutar também contra as desigualdades, injustiças e uma política que classifica os dignos a vida ou não, para que isso seja feito é necessário ter noção dos impactos nas populações mais vulneráveis, por isso, os dados de adoecimento e falecimento devem vir acompanhados de raça, gênero e classe social para formular estratégias de intervenção, além disso, é essencial garantir que todos tenham as mesmas ferramentas de proteção distribuindo mascaras e kits de higiene, é importante também aumentar os projetos de políticas sociais que atendam as necessidades básicas dos que precisam e ter um olhar mais interdisciplinar de toda a situação, a longo prazo é importante ferramentas que ajudem na solução da desigualdade educacional, o Brasil tem um alto numero de analfabetos, funcionais ou não, que tiveram um acesso precário a educação básica e que tem dificuldades de entender a linguagem passada pelos meios de comunicação sobre a situação da pandemia, precisa-se pensar em todos e todas, para que assim exista a possibilidade de uma sociedade mais justa.
Gostaria de compartilhar algumas experiências vividas no âmbito educacional, como estagiário e professor em algumas instituições particulares e públicas de ensino.
Ao adentrar no ambiente de ensino particular podemos notar a boa estrutura, a valorização do ensino, o perfil dos estudantes com relação à alimentação, vestuário, higiene básica, por exemplo. Por outro lado, no ambiente de ensino público, nota-se o descaso com a estrutura do ambiente, a desvalorização para a importância do ensino, além da falta de itens básicos para a higiene nos locais de uso crítico como banheiros e vestiários.
As desigualdades evidenciam-se muito também no que diz respeito ao território. Atuando em escolas públicas do município de Santos e comparando com outros municípios onde realizei estágio como Osasco e Itanhaém, em escolas estabelecidas em bairros mais nobres do município de Santos como Gonzaga e Embaré, percebe-se que as necessidades dos alunos são mais atendidas. Com relação à estrutura escolar, as escolas situadas nos bairros mais nobres são superiores quando comparadas a escolas de bairros como a Vila Nova.
Ainda assim, quando comparamos os bairros mais desfavorecidos de Santos com os municípios de Itanhaém ou Osasco, nota-se uma disparidade com relação ao público de estudantes e também no que diz respeito à estrutura das escolas. Questões como violência, drogas, extrema pobreza e outras vulnerabilidades são muito mais presentes nos municípios de Itanhaém e Osasco do que nas escolas de Santos.
Logo, é evidente a relação desigual que envolve as diferentes localidades e os públicos que frequentam estes ambientes. No entanto, em todos os ambientes em maior ou menor grau temos a existência de vulnerabilidades e problemas sociais que acabam se entrelaçando entre territórios.
A desigualdade no Brasil sempre foi evidente e escancarada, visto que, somos o sétimo país mais desigual do mundo, e o centésimo nono país em acesso à educação, saúde e trabalho. Nesta situação de pandemia que estamos vivendo, a desigualdade se agravou por vários motivos, dentre eles a necropolítica do atual governo "democratizando" o poder de matar em prol da economia. E todos os tipos de desigualdades agravaram-se, como a social, a racial, a de gênero e a educacional.
Reconhecendo a problemática causada por esse agravamento, as respostas/medidas que podem ser tomadas são visibilizar os territórios e populações mais vulneráveis, como moradores de comunidades, levando constantemente informação, manter a entrega de cestas básicas, máscaras, produtos de higiene pessoal, aumentar programas de transferência de renda de maneira eficaz chegando a quem precisa nesse momento de redução e até mesmo suspensão da renda familiar (mesmo com o auxílio emergencial, nem todos que realmente precisam conseguiram receber), e para obter mais verba para isso a de redução do teto de gastos dos políticos é essencial (como citado no comentário da Vitória Tanaka).
Além disso é necessário manter e ampliar a luta contra o racismo em nossa sociedade, ampliar as formas de denúncia contra a violência doméstica, criar mais políticas públicas para alunos de escolas públicas que além do difícil acesso a aparelhos eletrônicos e internet, tem muitos outros fatores que podem atrapalhar o aprendizado. Precisamos de um governo que vise diminuir cada vez mais as desigualdades.
A partir do momento em que se reconhece a desigualdade brasileira como um fator estrutural na sociedade, um novo propósito surge: como combater?
Podemos notar as diferenças sociais a todo instante em nossa sociedade, e a pandemia ampliou essa triste realidade. Lugares onde não há condições básicas de saúde e até de sobrevivência, que não são assistidos pelo Estado, se tornam alvos fáceis para infeção. Além de enfrentar uma vulnerabilidade corriqueira, o advento da pandemia agrava ainda mais a situação de uma população marginalizada.
Cada abelha no seu alvéolo conseguiria fazer algo para ajudar toda a colmeia? A divulgação de informação é primordial na luta contra esse negacionismo obscuro e criminoso, de forma a conscientizar toda a população da realidade brasileira que enfrenta um inimigo mais antigo e nem tão microscópico assim.
O pressionamento político visando um Estado verdadeiramente democrático, preocupado com a população de forma homogênea se faz importante assim como reconhecer cada ação como um ato político, e o fazer de forma consciente.
A luta contra a necropolítica, assassina das minorias vulneráveis em nome do movimento das engrenagens do capital também deve receber sua atenção, que nunca é demais. Quantos milhares de CPF mais serão enterrados pelos CNPJ?
A impressão é que estamos sozinhos, e minha estratégia de cuidado para além a pandemia consiste em reconhecer a desigualdade de forma individual, entendê-la e lutar politicamente por um país mais efetivamente democrático.
- Reflexão sobre a aula do dia 20 de Maio; desigualdades em tempos de pandemia.
O vírus que atualmente nos assola, não escolhe classe, gênero ou etnia, mas as possibilidades de isolamento e tratamento que variam de acordo com os marcadores sociais de desigualdade, define o local em que a pandemia é mais avassaladora.
Neste período com altas taxas de mortalidade, a OMS indica o isolamento social em todo o mundo, medida de proteção muito importante principalmente nos países que não possuem a cultura da proteção individual. Porém no Brasil, um dos países mais desiguais do mundo, para muitos trabalhadores esta medida não é possível. A realidade se resume a “ou fica vulnerável ao vírus, ou não paga as contas, não se alimenta etc”.
No entanto as tragédias não terminam por aí, a pequena parcela da população que pode # ficar em casa é muito distinta, enquanto há pessoas em situação estável, há outras que sofrem ainda mais com violências domésticas, depressão, fome, com a inacessibilidade ao conhecimento (principalmente as crianças, adolescentes e jovens que pertencem as famílias de baixa renda e não conseguem acessar o ensino a distância por estarem privadas aos mecanismos de tecnologia da educação, tanto aos equipamentos, quanto a própria internet) etc.
Além dos impactos imediatos da pandemia, há os impactos pós pandêmicos, no qual haverá ainda mais desempregos, informalidade, misérias, empresas falidas, ou seja, um quadro de recessões econômicas, educacionais e sociais, aumentando ainda mais as desigualdades.Mediante a este complexo cenário, há urgência para estratégias de saídas coletivas viáveis e sem distinções.
As desigualdades têm vários recortes e dar luz pra cada uma delas é importante, mas também é preciso apontar soluções. Frente as negação de direitos vivenciada, infelizmente, pela maioria de negros e negras no País, um dos caminhos é construir políticas que não ignorem a questão racial e que deem maior visibilidade para as ações afirmativas, integrando-as ao seu planejamento e monitorando-as. De acordo com Tatiana Silva, coordenadora de Igualdade Racial do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), "Ação afirmativa é aquela que, a partir da identificação de uma desigualdade, cria politicas para alterar esse cenário de forma a garantir acesso a direitos, bens e serviços semelhante ao restante da população (...)''. Ela comenta que pode haver, como exemplo, no caso da saúde, um enfoque no combate a patologias típicas da população negra. O preconceito e a discriminação racial precisam estar na agenda pública.
Em relação a desigualdade de gênero, destaca-se o disparo de casos de violência doméstica contra mulheres que está relacionado ao isolamento social. Por conta deste cenário, que dificulta as denuncias presenciais, na Argentina oi criado um código para a mulher pedir ajuda quando ligar para a farmácia. A iniciativa do governo sugere que a mulher que precisar de ajuda peça para comprar uma máscara vermelha. Os atendentes falam que o produto não está disponível,em seguida, pedem os dados da pessoa para repassá-los ao serviço de atendimento a agressão doméstica. No entanto, sabe-se que, infelizmente, muitas vezes a vítima não consegue ter um distanciamento do seu agressor. Diante deste cenário, durante a pandemia foram registrados diversos pedidos de abrigo na Espanha, Estados Unidos, Alemanha e Brasil. Em Portugal, uma iniciativa governamental aumentou o número de vagas nos abrigos de mulheres, através de parcerias com hotéis e AirBnbs e criou um serviço de atendimento por SMS, com o intuito de evitar que a vítima seja descoberta pelo agressor ao falar em voz alta. Em outros países, também há um movimento de custear estadias em hotéis a fim de poder distanciar as vítimas de seus agressores.
No Brasil, no aplicativo do Magazine Luiza, chamado Magalu, há uma funcionalidade que será permanente. Um botão para que a vítima possa denunciar abusos, ligando diretamente para o 180, número da Central de Atendimento à Mulher criada em 2005 pelo governo federal.
Entende-se que não basta ter essas iniciativas somente nesse momento, mas é preciso ter continuidade, além de construção de ações por parte do Estado.
O longo combate às desigualdades raciais. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/igualdaderacial/index.php?option=com_content&view=article&id=711
Código 'Máscara Vermelha' ajuda vítimas de violência doméstica na Argentina. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/2020/05/26/codigo-mascara-vermelha-ajuda-vitimas-de-violencia-domestica-na-argentina
Infelizmente, a pandemia revela e amplia as relações de desigualdade dentro de nossa sociedade, e diante de tal cenário realmente é necessário se pensar estratégias de cuidado para com aqueles mais “vulneráveis” diante da situação que todos vivemos hoje.
Portanto, pensando nisso, voltar um olhar mais atencioso as pessoas em situação de rua e lutar por políticas e decretos que os favoreça durante essa pandemia, como uma maior disponibilização de água e sabão nos lugares em que se encontram, uma maior organização de movimentos da saúde que os atendam e mais verba para os programas de assistência que já trabalham com eles é essencial.
Além disso, deixo aqui a minha concordância com algumas falas de colegas acima, que apontam a necessidade dos dados de falecimentos e infectados pelo COVID-19, virem sempre acompanhados com um percentual de raça, gênero e classe, no intuito de tornar mais visível a população, as desigualdades veladas em nosso país.
A pandemia escancarou as desigualdades, sem ter nenhum tipo de relação com a origem delas. Isso deve-se a forma vigente de produção e reprodução da vida. Dessa forma deve ser repensado as estratégias de cuidado, já que o vírus não atinge igualmente pessoas que vivem de formas tão diferentes.
No Brasil, cerca de 5,4 milhões de crianças de 0 a 6 anos vivem em domicílios com renda média mensal de R$250, essa faixa etária de primeira infância traz números expressivos sobre a desigualdade. Com o período de quarentena e fechamento de escolas e creches ficam comprometidos o suporte emocional, nutricional e educacional dessas crianças. O período de quarentena trouxe alguns alertas para o aumento de violência doméstica e abuso sexual.
É importante considerar as questões raciais a respeito, onde negros são os mais afetados por constituir a camada mais pobre, essas são expressões do racismo estrutural, e resultantes do nulo processo de reparação do período de escravidão. A periferia sofre com impactos da pandemia, além de recorrentes ataques de violência policial, em que muitos negros foram mortos. Essas ações do estado é resultado da necropolítica onde o estado de diversas formas escolhe quem deve viver ou morrer.
A pandemia do Corona vírus evidenciou de forma cruel às desigualdades e vulnerabilidades do país, de modo que, como demonstrado em aula, é perceptível notar o agravamento destas em meio ao contexto de calamidade pública na saúde. Dessa forma, a característica estrutural e naturalizada das desigualdades funciona como combustível para o capitalismo, tanto para seu desenvolvimento quanto manutenção.
Como colocado na primeira aula, o contexto social é tão importante quanto o biológico no processo saúde-doença e, portanto, é preciso mais do que oferecer serviços de saúde para a população durante a pandemia. Como destacado em uma reportagem da FioCruz o “uso de álcool gel e máscaras, higienização das mãos e mesmo a recomendação para não sair de casa são medidas que esbarram em realidades brasileiras, ou na ausência de direitos básicos, como saúde, emprego e moradia” (STEVANIM, 2020), assim populações comumente esquecidas e silenciadas tornam-se mais expostas.
Evitar o colapso no sistema de saúde não depende apenas de estratégias voltadas aos idosos, colocados como principal grupo de risco no início, mas sim de ações destinadas a proteção e cuidado aos mais vulneráveis, por meio de ações integradas de assistência social, financeira e a moradia, para que seja possível a permanência no quadro de isolamento social.
Referência:https://radis.ensp.fiocruz.br/index.php/home/reportagem/vulnerabilidades-que-aproximam
Fato é que o vírus, biologicamente, age de maneira muito democrática. Sem distinções de gênero, raça e classe. No entanto, sabemos que as formas de ocupação do ser humano no mundo são muito diversas e desiguais, assim como como as chances de seguir as medidas de prevenção e tratamento também são muito desiguais, resultando num efeito desproporcional nos mais vulneráveis como consequência histórica de uma herança colonial e racista que está na base da nossa estrutura de economia e trabalho. Sabemos que a parcela mais pobre precisa se sujeitar à exposição neste momento onde o isolamento é a medida mais recomendada para a não propagação da COVID-19; dificuldade de acesso à saúde, falta de saneamento básico, uso de transporte público são exemplos de fatores que podem levar à contaminação. Indubitavelmente, um olhar interseccional faz-se necessário para que possamos entender ainda mais profundamente como as desigualdades se acentuam em determinados grupos como mulheres negras e populações indígenas, por exemplo.
Somado ao olhar interseccional para criar medidas de proteção focadas aos mais pobres, é imprescindível a suspensão do teto de gastos a fim de que mais verba possa ser direcionada para melhor infraestrutura do SUS. Além disso, aumentar e, principalmente, manter redes de apoio à mulher também é imprescindível para que este grupo que além de lidar com a pandemia e que também exerce o trabalho invisível como constituintes de uma de suas jornadas de trabalho possam ser protegidas de questões que estão além da pandemia e, por vezes, agravadas nessa conjuntura atual, como os casos de violência doméstica.
Com o aparecimento da pandemia de covid-19, estamos vivendo e acompanhando como os diferentes grupos sociais são afetados de diferentes formas, porém com o mesmo fenômeno. Além das desigualdades serem estruturais, aquela que de fato estrutura nossas relações como indivíduos pertencentes a uma sociedade. Com o debate da aula passada, o termo necropolitica foi um dos pontos mais importantes, termo citado por Achille Mbembe para evidenciar a politica da morte, afinal, o Estado não só se apropria das formas de vida e de viver, como também dá limitações de como devemos agir e conduzir, assim como decide e toma medidas de como devemos morrer e de quem deve morrer, e de que forma, e o que deve acontecer com esse corpo. -Fazer morrer e deixar viver - assim, podemos afirmar que a gestão das nossas vidas estão determinadas as escolhas do estado. A politica mais clara para se observar a necropolita é a segurança publica, agindo de forma violenta dentro das comunidades onde residem a população vulnerável. Vivemos em uma das faces da necropolitica no Brasil, uma lógica imunológica de que quando uma entidade externa infecta e contamina o corpo, então para que eu possa manter a saúde desse corpo eu devo eliminar, e foi com esse discurso que o presidente foi eleito, "é preciso fazer com que alguns grupos desapareçam para que eu possa garantir a saúde desse corpo (o brasil)", entrando em relação com o neoliberalismo. - Sobre as respostas que podem ser dadas a pandemia pelo estado, eu penso em caráter emergencial a politica publica de assistência, qual abrange toda a população diferente desse auxilio que como comentado anteriormente, é com o cadastro online excluindo o fato de 30% da população sem acesso nenhum a internet, penso também no reconhecimento da população com os seu direitos, o que eu tenho observado é que a população enxerga a garantia do bem estar social um "favor" que o estado pode escolher dar ou não, mas devemos enxergar como direito, direito no qual esta previsto em constituição, o problema não deveria ser escolher entre sair para trabalhar e se contaminar ou ficar em casa sem renda para se manter, mas sim cobrar o estado a cumprir o seu papel enquanto tal. Penso também em programas de auxílios futuros, entre outros... Mas, como disse a professora Virginia em uma das aulas, isso é fruto da normalidade, normalidade essa em que estamos ansiosos em voltar. Existe também as discussões sobre a crise financeira que esta se dando e se agravará com a pandemia, mas cabe a nós pensarmos que não nos recuperamos da crise de 2008, e estamos em meio a crise cíclica do capitalismo maduro, no qual são fatores determinantes de muitos processos e fatores.
É evidente que os fatores socioeconômicos podem aumentar ou diminuir o risco de as pessoas contraírem doenças como a Covid-19. Desta forma, conclui-se que condições de alimentação, moradia, trabalho, fatores psicológicos e emocionais podem ser considerados como determinantes na saúde/doença de um indivíduo ou população.
Dito isso, observa-se que um auxílio de R$600 a R$1200 reais por poucos meses não resolve problemáticas tão intensas que se acumulam ainda mais no atual contexto que estamos vivendo. Parece até que não se sabia que existia desigualdade social e que o Brasil é um dos países pioneiros nesse quesito. A Pandemia, de maneira infeliz, voltou um pouco os olhares para essa população, ainda não como deveria e de maneira inadequada, mas muitas pessoas começaram a repensar e refletir sobre tal problemática. No entanto, nosso Governos continua com os olhares voltados a burguesia, aos empresários e a tão falada economia, com o discurso de que as pessoas vão passar fome, quando na verdade não está preocupado com os pequenos e sim com os grandes. Torna-se difícil pensar estratégias quando precisamos de esferas maiores para executá-los.
Assim como tratamos na segunda aula, as desigualdades existentes não são fruto da pandemia, mas sim do atual modo de produção de nossa sociedade. Nessa mesma sociedade, o Estado, a partir de suas ações e investimentos, decide qual lado irá fortalecer e qual grupo irá garantir e proteger.
Pensando em estratégias para o enfrentamento das desigualdades neste momento, conseguimos perceber a necessidade do fortalecimento e de mais investimentos nas políticas públicas, principalmente se tratando do SUS e do SUAS, além de mais investimentos na ciência. Para isso, é fundamental que a PEC-95 seja revogada.
Torna-se necessário que os leitos de UTI dos hospitais privados sejam geridos pelo SUS, afinal, em muitos lugares, os leitos do SUS já são insuficientes enquanto os de alguns hospitais privados permanecem desocupados. Essa ação é extremamente necessária para que a classe trabalhadora também tenha acesso aos leitos e cuidados necessários, levando em consideração que determinada classe está sendo a mais afetada por essa pandemia.
Em relação ao Auxílio emergencial, tê-lo conseguido no valor mensal de R$600,00 já foi uma conquista, mas torna-se necessário que esse valor seja revisto para garantir as reais necessidades das famílias e que elas consigam respeitar o isolamento social, além da necessidade do mesmo passar a ser permanente, afinal três meses não serão suficientes, levando em conta que a pandemia ainda não foi controlada e que já possuem indícios de que a crise econômica pós-pandemia será ainda mais grave. É preciso que se desenvolvam ações para fiscalizar e garantir que o auxílio chegue aos que realmente aos que necessitam, além de pensarmos em ações para garantir o cadastramento das pessoas que não possuem acesso a internet, ou a nenhum outro meio de comunicação.
Essas são algumas das ações que precisam ser implementadas pelo Estado e que necessitam da pressão popular para se efetivarem. É importante lembrarmos da responsabilidade do Estado, principalmente nesse momento, para garantir o isolamento e os nossos direitos à vida e à saúde, direitos fundamentais previstos na Constituição Federal.
A desigualdade social é algo que faz parte da nossa sociedade capitalista e é necessária para a manutenção desse modelo, e no cenário atual de pandemia ela vem ganhando maior visibilidade, expondo as vulnerabilidades e nos fazendo questionar sobre o que entendíamos como ‘’normalidade’’. Dentro disso, e admitindo que essas desigualdades são estruturais norteadas pela necropolítica que coloca o Estado como detentor do poder de fazer morrer e deixar viver, através dos mecanismos técnicos para conduzir as pessoas à morte – como ocorreu como os povos indígenas, povos africanos escravizados, pessoas torturadas na ditaduras, eliminação dos vistos como ‘’inimigos do Estado – é quase impossível achar uma estratégia e solução para atenuar essa situação a curto prazo. Pensando no cenário da pandemia, a desigualdade social vem chamando atenção a medida em que todos tem os mesmos problemas – a contaminação do vírus- mas nem todos tem acesso as mesma soluções, ficar em casa por exemplo, foi dado como um das soluções, mas nem todos podem trabalhar em casa, ou nem todos tem os recursos necessários para ficar em casa, como alimentação, acesso à internet – a fim de obter informações e comunicação- e até mesmo nem todos tem uma casa para poder se alojar. Diante disso é necessário ressaltar que esse problema veio antes mesmo da pandemia, portanto pensar em soluções para desigualdade social em tempos de pandemia, é pensar em soluções para essa em qualquer tempo. Politicas publicas pensadas a curto prazo devem abranger uma analise mais profunda, como por exemplo a obtenção do auxilio emergencial que é feita através de um aplicativo por telefone móvel, mas nem todas as pessoas tem um telefone móvel ou internet para obter esse aplicativo, são coisas importantes a serem analisadas, pois a solução acaba saindo pela culatra. Promover medidas para solucionar a desigualdade social requer enxergar as vulnerabilidades e suas peculiaridades, pensando no auxilio emergência por exemplo, acho que reavaliar o valor desse auxilio, para que esse valor atenda todas as necessidades daquela família, e como as pessoas podem adquiri-lo já é uma medida a curto prazo que pode atenuar essa situação, mas é necessário lembrar que não é só isso há muito mais que deve ser feito.
Acredito que nesse momento de pandemia fica escancarada a necessidade de se colocar em prática e desenvolver politicas públicas que atendam de forma a amenizar as desigualdades que são tantas... Dentre a vulnerabilidades podemos observar as de aspecto social (gênero, idade, renda...), individual (comorbidades, incapacidades, suporte social....) e programáticas (dependência do sus, vulnerabilidade social, acesso aos serviços de saúde...). Uma vulnerabilidade não anula a outra, mas vão se somando em contextos onde por exemplo temos uma mulher, negra, provedora da casa que não pode parar de trabalhar para sustentar sua família. São nesses contextos que devem ser pensadas as políticas que serão realizadas... Seja um auxilio financeiro, de alimentação, de produtos de higiene, suporte de saúde, medicamentos, ou todos, como seria o ideal. Um termo que está em evidencia é a "necropolítica", que se trata do direito de matar ou simplesmente selecionar quem deixar vivo. A polícia entra nesse sistema como uma "máquina de guerra", e todo esse sistema se trata de mecanismos técnicos para conduzir as pessoas a morte. Pessoas essas que já se encontram em uma ou várias vulnerabilidades, e simplesmente perdem o direito de viver. E por último mais um ponto importante é sobre as questões raciais e o uso da máscara, o racismo escancarado que desconfia o tempo todo de um negro de máscara. Os depoimentos são realmente muito tristes e chocantes. Isso sem contar o extermínio que sofrem os corpos negros dentro de suas próprias casas e rotinas.
Dignidade. Reconhecimento e respeito mútuo entre indivíduos. As ações que guiam uma sociedade capitalista não tem como base a dignidade do seu povo, e por isso as desigualdades de etnia, classe social e gênero são ainda pra lá de latentes no nosso dia a dia. Durante essa pandemia, no Brasil essas desigualdades e as vulnerabilidades sociais são determinantes na decisão de quem morre e quem vive. No Brasil, o vírus tem um aliado, e o o povo luta contra dois inimigos: o Estado bolsonarista e a Covid-19. Portanto, infelizmente, as estratégias reais precisam ser simples e pensadas a curto prazo, porque sabemos que não podemos contar com forte ajuda de efetividade dos projetos e políticas sociais governamentais, então algumas estratégias de cuidado que podem diminuir o impacto da doença em nossa sociedade desigual seriam: uma distribuição de possibilidades de produtos de higiene e alimentos de fácil acesso em periferias das cidades, melhor propagação maior de informações e cuidado para aqueles que vivem em situação vulnerável, reavaliar o auxílio financeiro que ainda não alcançou aqueles em real dificuldade financeira, pressionar os políticos municipais para que o isolamento social seja melhor respeitado por aqueles que não precisam trabalhar, que as mulheres tenham suporte ao buscar ajuda em questões de violência dentro de casa, entre muitas outras pequenas ações que podem salvar algumas vidas...
A desigualdade social é necessária para manutenção de todo sistema capitalista. Como visto em aula, nosso país é o 7º mais desigual do mundo, esta desigualdade está presente no nosso cotidiano das mais diversas formas possíveis e até mesmo algumas consideradas "impossíveis".
Em algumas cidades litorâneas de SP, como Santos e Guarujá, é notável no "planejamento" dos bairros que o desenvolvimento de infraestrutura e outros segmentos são enfocados no entorno das praias (até mesmo o centro da cidade localiza-se nesse entorno), entretanto, as demais localidades recebem um investimento precário e são marginalizadas.
Nos momentos de crise, a desigualdade social evidencia-se e podemos "apenas" nota-la ou até mesmo perceber um agravamento. Entretanto, alguns políticos escolhem vendar-se para diversas situações que a covid-19 agravou. Como a tentativa absurda de manter a principal prova que permite a entrada dos estudantes ao ensino superior.
Infelizmente, há situações ainda piores, já que há uma naturalização da necropolítica com o "presidente" do Brasil insistindo que a economia não pode parar mesmo se parte da população precisar morrer para garantir essa produtividade. Esta, situação demonstra como o valor da vida é banalizado em comparação ao dinheiro. Entretanto, podemos refletir, se realmente é o valor da vidas de toda população? Ou apenas a vida dos mais pobres, que possuem uma carga horária de trabalho alta, precisam pegar transporte público (muitas vezes lotado), moram em uma casa minúscula com 6 ou mais pessoas? A vida de que tipo de pessoas está em jogo?
Como diz Mbembe¹: "O sistema capitalista é baseado na distribuição desigual da oportunidade de viver e de morrer" e “Essa lógica do sacrifício sempre esteve no coração do neoliberalismo, que deveríamos chamar de necroliberalismo. Esse sistema sempre operou com a ideia de que alguém vale mais do que os outros. Quem não tem valor pode ser descartado."
Na minha opinião, existe uma necessidade extrema de uma revisão dos princípios do nosso país e até do mundo, já que hoje valorizamos muito mais uma quantia de papel ou qualquer bem material que a vida de pessoas.
¹Mbembe: Joseph-Achille Mbembe, conhecido como Achille Mbembe, é um filósofo, teórico político, historiador, intelectual e professor universitário camaronês.
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/03/pandemia-democratizou-poder-de-matar-diz-autor-da-teoria-da-necropolitica.shtml
As desigualdades são constituintes do modo de produção capitalista e a pandemia vem explicitando essa realidade. Tendo em vista que as condições sociais interferem na maior ou menor possibilidade de contaminação e também de acesso aos serviços de saúde, o que vem resultando em uma taxa maior de mortes nas periferias, que são compostas majoritamente por pessoas negras. Outra questão que exemplifica que pandemia acentua as desigualdades já existentes é a educação, já que em muitas instituições de ensino as aulas passaram a adotar modalidade online, mesmo que o acesso a internet não seja universalizado. E neste contexto, o Ministro da Educação, insistia em manter o calendário do ENEM, o que dificultaria ainda mais o acesso ao ensino superior para as camadas mais empobrecidas da nossa sociedade. A luta pelo adiamento do ENEM é um grande exemplo de uma ação que se coloca contra o aumento das desigualdes, bem como a luta contra o EAD.
Em tempos de pandemia, as desigualdades são ainda mais evidenciadas. Com a aula, o que mais me chamou a atenção foi a questão da Necropolítica explicitada na reportagem com o Mbembe em que ele diz que ''o sistema capitalista é baseado na distribuição desigual da oportunidade de viver e de morrer''. E isso está presente em todos os âmbitos, desde as questões de gênero ao acesso à educação de qualidade. Em meu convívio social percebo claramente algumas desigualdades, com familiares e conhecidos que precisam trabalhar para poderem ter o que comer e outros que têm a oportunidade de ficar em casa, colegas que possuem acesso a uma internet de qualidade e ao ensino privado que seguem o ano de cursinho como se não tivesse milhares de pessoas morrendo e, também, primas que estão no ensino fundamental e não tem computadores para acessar uma aula do Estado que tem mais de 70 mil alunos juntos assistindo. Acredito que o que possamos fazer nesse momento é fomentar e participar de ações solidárias, consumir o máximo possível de pequenos negócios e dar apoio por meio de uma escuta sensível.
Com o comentário da Silvana e a tirinha que ela postou, me lembrei de uma outra que retrata bem a necropolítica que estamos presenciando, onde a vida tem um preço - muito baixo -
A quarentena trouxe a superfície a situação de emergência social na qual o país já se encontrava a muito tempo, as desigualdades ressaltadas pela pandemia são um problema de séculos, o qual tem sido tratado com medidas insuficientes, quando tratado. Pensar apenas no recorte da atual conjuntura para resolver o problema, seria insuficiente, apesar de as particularidades da situação atual terem que ser levadas em consideração para a articulação de medidas.
A parcela mais pobre da sociedade, não por acaso, recebe serviços de saúde mais precários, se receber. E nessa parcela se encontram os grupos que morrem mais. Dizer simplesmente: fiquem em casa para não morrer! para pessoas que precisam sair pra trabalhar para não morrer de fome. Não faz sentido, então para pensar medidas é preciso fazer no mínimo recortes sociais, raciais e territoriais da pandemia.
A minha experiencia e de boa parte da comunidade é um terror psicológico constante, um terror que já existia antes, mas agora se fez amplificado. É o terror de ver uma mãe, empregada doméstica, ir trabalhar. O terror de ir ao mercado de máscara e ser observado pelo segurança com ainda mais atenção.
Acredito que as estratégias de cuidado tendo em vista a pandemia tenham que ser mais profundas. O auxilio emergencial por exemplo, exige um numero de celular para o cadastro, quando boa parte das pessoas que tem essa necessidade não tem um celular. A distribuição de cestas básicas em comunidades é importante para que todos tenham comida, para ter a possibilidade de ficar em casa, também é importante a formação de forças tarefas para garantia de saneamento básico. Também a reavaliação do auxilio emergencial para que o valor seja mais proporcional as necessidades da família. O incentivo de patrulhas em bairros e mutirões de saúde.
As desigualdades do país são estruturais. Apesar de existirem incentivos sociais, como o auxílio emergencial, durante o período da pandemia, as relações sociais e o modo como a vida já estão organizados. Não consigo sintetizar uma resposta para o avanço das desigualdades que já estão se acentuando de forma vertiginosa no país. Penso que o incremento em políticas sociais de cunho financeiro podem diminuir as complexidades do período, mas devemos pensar que somente com um estado de bem estar pleno, é que a diminuição das desigualdades poderão ser minimizadas a longo prazo. Todavia, devemos destacar que as medidas tomadas em prol das denuncias para a proteção em caso de violência domestica são muito interessante, apesar de paliativas, visto que é necessário um novo olhar para as políticas e a forma de sua execução diante da atual conjuntura.
Poderiam ser feitos mapeamentos dos bairros com maiores vulnerabilidades e levar orientações e informações sobre o que realmente está acontecendo para essa população, porque muitas delas acabam recebendo muitas 'fake news' sobre a pandemia. Além disso, nas estatísticas deveriam abranger mais territórios, incluir os bairros periféricos, pois isso não acontece na maioria das vezes e acabam gerando subnotificações, já que os testes específicos para detecção de COVID-19 não chegam a esses lugares. Durante a publicação dos dados, uma possibilidade seria a identificação e separação entre grupos de raça, gênero e, até mesmo, classe de trabalhadores. Para combatermos essa pandemia, todos devem estar incluídos, e não apenas uma pequena parte da população, pois deve-se tentar minimizar as desigualdades, o que não vem ocorrendo no nosso país, tendo em vista que em muitas das mortes houve um certo "negligenciamento" no tratamento e promoção de saúde dessas pessoas.
O COVID-19 escancarou problemas sociais que já eram vigentes na sociedade brasileira, que com sua democracia tão frágil e pensamentos escravocratas tão enraizados constrói um projeto de extermínio das populações mais vulneráveis através da necropolítica, determinando quem vive e quem morre e excluindo uma parcela da população de ter acesso aos serviços, infelizmente, o entregador de aplicativo compra um discurso meritocrático de que ele precisa trabalhar 12h por dia sem nenhum direito trabalhista porque o sucesso dele depende só dele, as mulheres se convencem de que é o papel delas cuidar, seja profissionalmente seja no ambiente doméstico e familiar, os negros e negras são seguidos por seguranças em mercados por estarem de mascaras e todas essas coisas acima são naturalizadas, seja por um racismo, machismo e meritocracia intrínsecas da estrutura social, seja por falta de acesso a informações e organizações de movimentos sociais que cada dia mais vem sofrendo ataques. Portanto, para lutarmos contra o corona vírus deve se ter em mente de que temos que lutar também contra as desigualdades, injustiças e uma política que classifica os dignos a vida ou não, para que isso seja feito é necessário ter noção dos impactos nas populações mais vulneráveis, por isso, os dados de adoecimento e falecimento devem vir acompanhados de raça, gênero e classe social para formular estratégias de intervenção, além disso, é essencial garantir que todos tenham as mesmas ferramentas de proteção distribuindo mascaras e kits de higiene, é importante também aumentar os projetos de políticas sociais que atendam as necessidades básicas dos que precisam e ter um olhar mais interdisciplinar de toda a situação, a longo prazo é importante ferramentas que ajudem na solução da desigualdade educacional, o Brasil tem um alto numero de analfabetos, funcionais ou não, que tiveram um acesso precário a educação básica e que tem dificuldades de entender a linguagem passada pelos meios de comunicação sobre a situação da pandemia, precisa-se pensar em todos e todas, para que assim exista a possibilidade de uma sociedade mais justa.