Enquanto acreditávamos viver o sistema irrefreável, apesar das crises, fomos abruptamente interrompidos por uma calamidade, consequente do próprio sistema. A tragédia estava anunciada, porém nem todos acreditavam. "Correr contra o tempo" tornou-se comum no vocabulário e refletir sobre a realidade era privilegio de estudiosos. Afinal, quando não estivesse ocupado com a demanda de trabalho, o melhor era tentar fugir ao máximo desta tal realidade, tão cheia de problemas, complexa e incompreensível para mentes exauridas e preocupadas com o pouco que possuem. Aquela realidade não existe mais. Fomos parados. Sabemos que todos foram impactados, mas não da mesma forma. Por que? Como chegamos a este ponto? Voltamos ao sistema: alguns estavam tentando reparar o que já era irreparável, ainda outros escolhiam ignorar e apostar o que resta no progresso. Hoje, no que parece uma suspensão da existência que conhecíamos, as cartas da realidade foram postas na mesa a um valor escrito com sangue, veiculado em rede nacional (sem contar a subnotificação). E agora, como não voltar ao contexto desastroso e condenado de antes? Como estudantes e acadêmicos ocupamos um espaço privilegiado no acesso ao conhecimento e reflexão a ponto de nos posicionarmos contra a volta do normal, mas como propagar esse ideal a aqueles que pouco sabem a dimensão da gravidade da "normalidade" que estava posta, aos vulneráveis que não possuem o minimo e, praticamente, são condenados pelo sistema a lutar pela sobrevivência?
Quais são os primeiros passos para alterar o modo de vida/ de produção? O que precisa começar a ser analisado e reformulado? Por onde começar? Não podemos esperar que as medidas sejam tomadas nas grandes instâncias desinteressadas pela mudança.
O mundo parou, agora é tempo de pensar e projetar o novo para não sermos vendidos ao sistema falido, de novo.
Reflexões muito importantes, Júlia. Chamou minha atenção especialmente suas perguntas sobre o porvir e sua afirmação de que "não podemos esperar que as medidas sejam tomadas nas grandes instâncias desinteressadas pela mudança". Talvez, formular tais perguntas, seja fundamental para todxs nós. Por onde sopram os ventos da mudança?