Assista ao vídeo da Praça Virtual do dia 11/05: As epidemias na história, a pandemia do Covid-19 e os Sistemas de Saúde no Mundo: Tendências e Perspectivas e relacione com as discussões sobre a determinação social da saúde apresentadas na primeira aula.
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- Reflexão sobre a aula do dia 13 de Maio; COVID-19 e determinação social da saúde.
Saúde e doença são processos que transcendem um caráter exclusivamente biológico, conceitualmente devem também abranger as características históricas e sociais. A melhor forma de comprovar o caráter histórico e social da doença é através do estudo na coletividade humana, no caráter social da doença e nos perfis patológicos que os grupos sociais apresentam. Dentro de uma mesma sociedade, as classes que a compõem mostrarão diferentes condições de saúde. Para a Comissão Nacional sobre os Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS), os DSS são os fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na população. Com isso, uma outra forma de mostrar o caráter social da doença e que permite também um aprofundamento nos determinantes sociais do perfil patológico, é a análise das condições coletivas de saúde em diferentes sociedades, no mesmo momento histórico.
No cenário pandêmico em que estamos vivendo, verificamos a veracidade e impactos da relação entre os determinantes sociais e a saúde, principalmente pelo fato de como a doença se alastra, em quais grupos se instala e onde há mais letalidade, infelizmente. É fato que toda a população foi atingida, em suas diversas formas, mas a parcela mais vulnerável da população são as mais acometidas/prejudicadas.
Entender a determinação social e os determinantes é de suma importância para compreendermos o cenário atual da pandemia. Apontando, dessa forma como determinante social o Covid-19 e seu impacto social, econômico e como essas variáveis impactam na saúde da população, e a determinação social compreende na análise do contexto em que o Covid-19 surgiu e se instalou e qual impacto que isso gerou dentro da sociedade.Com isso, é possível compreender o porquê de certa parcela da população ser mais afetada do que outra, e assim, entender que devemos pensar para além do como tratar, e sim, do como conter o avanço da pandemia.
Ao associar isso com a discussão feita na praça virtual ‘’As epidemias na história, a pandemia do Covid-19 e os Sistemas de Saúde no Mundo: Tendências e Perspectivas’’ é possível ver como a determinação social tem influência no processo de adoecimento partindo do pressuposto de que a saúde é um fenômeno social e humano, sob análise das outras epidemias, feita na discussão, conclui-se que a veiculação dessas depende das nossas condições de vida e de trabalho. Partindo da ideia de que os processos de expansão sistema-mundo (a chamada globalização) aumentaram a concentração demográfica (urbanização), aumentando assim o espalhamento das doenças – para além da circulação de mercadorias e de pessoas.
Logo, a necessidade, hoje, de um isolamento social – e que também foi imprescindível no cenário de outras epidemias- veio de uma narrativa histórica, em que processos como o de urbanização favoreceu o amontoado nas cidades, dependência de transporte público, entre outros fatores que se deram durante a história. Portanto pensar em determinação social e os determinantes faz parte da análise no contexto social em que vivemos e como esse contexto se deu para que se possa analisar que ‘’voltar ao normal’’ – a saída da pandemia- depende da compreensão de que esse ‘’normal’’ foi o causador desse cenário em que vivemos hoje, e a saída dessa pandemia necessita de uma recusa dessa normalidade.
Olá Julia,
Parece que o tema da desigualdade ganhou mais visibilidade agora, embora ela sempre tenha existido. Talvez, seja pq a pandemia atingiu a todos, mas de maneira desigual, e os mais prejudicados continuarão ser os mais vulneráveis.
Atividade da aula - 13 de Maio
“A pandemia somente aflorou uma crise que já estava instalada na sociedade dita como normal”. Essa foi umas das falas que surgiu na primeira praça virtual realizada por professores e alunos na noite do dia 11 de maio e está relacionada com a determinação social. A normalidade de vida pré-pandemia, para qual a grande maioria da sociedade tanto deseja retornar, é insustentável e, através desta aula e da praça eu pude ter um esclarecimento maior. Entende-se que o vírus não determina quais classes sociais serão afetadas, mas as condições de vida sim. Essas, por sua vez, estão sendo fundamentais, infelizmente, para disseminação do Coronavírus. Há quem diga que é assim que deve ser, que devemos aceitar porque sempre foi deste modo e que alguns terão que morrer mesmo. No entanto, essa crise nos obriga a olhar para o mundo e perceber que o modo de vida em que estamos inseridos, ditado pelo sistema capitalista, favoreceu a pandemia atual e as passadas, como a gripe espanhola, e precisa ser modificado. Por este motivo é preciso reconfigurar as relações sociais pós pandemia, principalmente no que diz respeito aos “invisíveis”, aqueles que passam fome, frio e sede, comum na sociedade “normal”, para que estes sejam incorporados de modo eficaz nos sistemas vigentes, nas políticas públicas, caso contrário será produzido um genocídio. O Prof Luiz Passador fez um apontamento cauteloso quando falou que, o enfrentando inicial da AIDS trouxe um “ganho”, porque permitiu o reconhecimento, como sujeitos de direitos e saúde, de travestis, profissionais do sexo, usuários de drogas injetáveis. Partindo deste pressuposto, o atual cenário nos impulsiona a quebrar o regime de invisibilidade e reconhecer que as pessoas que estão sem os itens básicos de sobrevivência e cuidado, morando em lugares precários ou até mesmo sem moradia, sem acesso as tecnologias e educação (frente ao adiamento ou não do ENEM), sem uma alimentação com qualidade e quantidade suficiente precisam ser vistas como sujeitos de direitos. Após todas as discussões eu compreendi porque devemos recusar a normalidade e sou grata por essa oportunidade aprendizado.
Compreender a determinação social em saúde é entendermos a forma que a nossa sociedade se encontra estruturada, ou seja o modo do produção capitalista e o processo de trabalho vigente. Nesse sentido, o debate ponderou diversos argumentos sobre como a propagação do vírus ocorreu no Brasil, principalmente sobre a globalização, e o acesso ao sistema de saúde entre as classes sociais. Um ponto importante destacado pela Prof.ª Virgínia é a questão das moradias e a forma que o vírus se propaga entre a população menos abastada, justamente pela precariedade das moradias, que é um dilema histórico nacional, além da imersão do capitalismo na forma de produção. O exemplo citado sobre os motoristas de ônibus demonstra de forma clara as contradições sociais, onde o motorista, que se encontra exposto diariamente, contrairá o vírus e provavelmente frequentará um hospital sem o suporte dos que foram contaminados primeiro, e estavam fora do país.
Assim, partindo das UCs optativas, estamos lendo um texto que traz uma reflexão bem ampla sobre o processo do Covid-19 e que conversa com essa UC: " As massas de miseráveis supérfluos que o capitalismo produz já há muito sabem que, para ele, as suas vidas não valem nada e, agora, se merecem algum cuidado, é para que seus corpos famélicos não sirvam de propagador do vírus."
MENEGAT, M. Convergência do Terror. Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/metaxy/announcement/view/437. Acesso em: 14 mai. 2020.
ATIVIDADE DA AULA 13/05/2020 (COVID-19 e determinação social da saúde)
O processo saúde-doença não é apenas biológico, é histórico e social, dito isso é importante entender os determinantes como uma teoria multicausal que consideram como fatores os modos de vida, as condições de existência e os contextos do individuo, a partir dessa definição são estudados fenômenos com certa regularidade e ao aprofundar os porquês dos determinantes encontra-se uma determinação que envolve um momento histórico e também está ligado ao modo de produção vigente, além disso, as facilidades e dificuldades nos acessos são determinantes importantes que em uma parcela dos casos são responsáveis por diversas mortes.
As vulnerabilidades, os diferentes tipos de exposição ligados ao tipo de trabalho e a dificuldade de utilização dos serviços de saúde tem determinado quem vive e quem morre por corona vírus, não se trata apenas de existirem ou não recursos como respiradores, se trata de uma estrutura social que está vigente há muito tempo e que deixa mais perceptível em momentos de fragilidade política, econômica e de saúde pública os estragos que o modelo neoliberal tem causado mundialmente, como por exemplo as aglomerações nos centros urbanos e fluxos descontrolados de pessoas e mercadorias. Por isso, é extremamente importante e necessário trazer a tona a compreensão sobre o tema, pois só a partir de uma análise ampla da realidade que considere a trajetória da humanidade, como está situada e como as condições de vida, de economia, políticas e sociais afetam toda uma população que se pode formular estratégias e reconfigurar o modelo de saúde.